A questão sobre o "casamento" gay só é polêmica porque a identidade
da família está em crise. Isso deve-se, em parte, à militância agressiva
dos movimentos LGBTs que, apoiados na grande imprensa, monopolizam o
debate público e o transformam num verdadeiro monólogo.
Com efeito, as
opiniões conflitantes são varridas dos canais de informação, sob os
pejorativos de "preconceituosas" ou "homofóbicas". Assim, cria-se a
impressão de que falar em defesa da família seja uma atitude fora dos
padrões de normalidade. Trata-se de um golpe demagogo pelo qual
os movimentos gays conseguiram a hegemonia da classe falante e a
introdução de sua agenda nos mais variados campos da sociedade, desde a
cultura à educação.
O que a maioria não consegue perceber, no entanto, é a clara intenção de se reconstruir os padrões de vivência através de um controle do comportamento.
Ora, para dominar um povo, é preciso obter a hegemonia dos meios de
comunicação, propagar uma ideologia apelativa e direcionada à
emancipação de um grupo e conseguir a direção do ensino, principalmente
das crianças. Boa parte dessas metas já foram atingidas pela
elite interessada no controle do comportamento e que usa a causa LGBT
como navio quebra-gelo sob muitos aspectos. Uma rápida leitura
dos jornais é o suficiente para se ter ideia da gravidade do assunto,
sobretudo quando se fala abertamente em educação sexual e distribuição
de preservativos nas escolas.
Alguns podem objetar os fatos acusando quem os denuncia de louco ou
teórico da conspiração. Bom, neste caso, a solução mais eficaz é dar voz
ao próprio movimento gay. Uma ativista homossexual famosa nos Estados
Unidos, a jornalista Masha Gessen, revelou recentemente em um
programa de rádio que a meta dos defensores do "casamento" entre pessoas
do mesmo sexo é, sim, modificar a instituição familiar, pois ela seria
algo que não deveria existir. Para Masha Gessen, "é óbvio que
(os homossexuais) devem ter o direito a contrair matrimônio, mas também é
óbvio que a instituição do matrimônio não deveria existir… Lutar
pelo matrimônio gay, em geral, implica mentir acerca do que vamos fazer
com o matrimônio quando chegarmos lá, porque mentimos quando dizemos
que a instituição do matrimônio não vai mudar, e isso é uma mentira. A instituição do matrimônio vai mudar, e deve mudar. E de novo, não creio que deveria existir."
Por conseguinte, não é moralmente aceitável a um católico relativizar
o problema, ainda mais depois dessa afirmação escandalosa da jornalista
Masha Gessen. Afinal de contas, o que se está em jogo não é um direito
ou uma lei qualquer na constituição, mas o fundamento da sociedade e a
perpetuação do cristianismo nas próximas gerações. A prova cabal
de que essa política pró-homossexualismo é uma ameaça à família, à
educação das crianças e à fé cristã se tem na Suécia, onde o Estado,
através de medidas semelhantes às que se tem proposto no Brasil,
praticamente eliminou a religião da cultura e retirou os filhos do
convívio familiar.
O escritor G.K. Chesterton já denunciava os efeitos da usurpação do
lugar da família pelo Estado no seu livro "Hereges". Segundo Chesterton:
"A grande sociedade é uma sociedade para promoção da limitação. É um mecanismo que visa proteger o indivíduo solitário e sensível da experiência dolorosa e fortalecedora de assumir compromissos humanos. É, no sentido mais literal das palavras, uma sociedade para prevenção da cultura cristã" (Cf. Hereges, p. 172).
Apesar da gravidade do assunto, tamanho é o lobby do movimento gay
que, não raras vezes, muitos católicos sentem-se intimidados a
contestá-los, ao passo que outros, até mesmo, passam a apoiá-los. O
problema é jogado para escanteio, enquanto milhões e milhões de almas
são ceifadas, vítimas dessa ideologia voraz que não poupa nem mesmo as
crianças. Sob a égide da propaganda midiática e dos milhões dos
cofres públicos que caem em suas contas, pisam na moral, ridicularizam a
religião, destroem o ensino e serpenteiam as autoridades de maneira
aterradora, em busca de leis que legitimem suas perversões e calem
aqueles que se opuserem.
Faz-se necessário, portanto, romper essa espiral do silêncio
que envergonha a Igreja e joga lama sobre o sacramento santo do
matrimônio. Faz-se necessário derrubar a hegemonia da mentira
dos meios de comunicação que tentam domesticar a Igreja e impedi-la de
anunciar a Verdade do Evangelho. Recobrar a audácia cristã e o destemor
dos mártires é tarefa imprescindível nesta luta pela fé e pela família. A
altíssima vocação da Igreja de ser uma instância profética dentro da
sociedade não pode ser solapada e depende dos cristãos manter vivo esse
apostolado.
Neste sentido, os inimigos da família precisam saber que a Igreja não
se calará e não permitirá a destruição do fundamento da humanidade. Na
batalha pela dignidade do casamento, cabe à Igreja a missão de lembrar
que o caminho da felicidade e da salvação só pode ser encontrado nos
mandamentos de Deus, não nos do mundo. E isso vale para os jovens, isso vale para os idosos, isso vale para os casais e isso vale também para os homossexuais. Todo aquele que quiser alcançar a salvação deve seguir a regra do sim, sim, não, não. Deve renunciar à pompa do mal!
Portanto, apesar da violência da ideologia gay, o único temor da
Igreja é o de não fazer a vontade de seu Senhor. Ideologias, revoluções e
movimentos passam, assim como passaram todos os outros que tentaram
destruir a fé católica. A Igreja continuará a romper os grilhões da
falsidade, anunciando o Evangelho a toda criatura. A Igreja continuará
firme na missão de proclamar a Palavra de Deus sem concessões e sem
descontos, até os confins do mundo. A Igreja continuará de pé em defesa
da família e da dignidade humana, pois somente em um lar devidamente
estruturado pode-se encontrar as ferramentas cristãs que conduzem ao
céu. Assim, defender a família é defender a vida, mas não qualquer tipo
de vida. A luta do cristão é pela vida eterna. Escolhe, pois, a família.
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